TROPEIROS COM MÃOS NAS GARRUNCHAS E FACÕES.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

TROPEIROS COM MÃOS NAS GARRUNCHAS E FACÕES.


Ano de 1969, São Raimundo Nonato, hoje Dom Inocêncio, zona rural Piauí. Estevão Ribeiro, Carlindo maroto seu filho Urbano, Adão e André, um rapaz que veio do Ceará. Muito bom repentista e violeiro. Sairam de Jatobazinho, com 60 animais, tropa de cal destino a Canto do Buriti Piauí. Quando passavam por passagem Nova, depois de raiz, tinha havido uma festa na casa de Zé Patriarca, Adão e seus companheiros toparam com as moças da raiz. Adão um rapazinho ficou com vergonha das moças, ele estava tropeiro e esses não andavam com roupas de festa.
Na parada São João um jumento de Adão ficou dormindo em pé e quase ninguém o encontrava. Atrapalhou o plano de parar para almoço em Lagoa de Baixo. Em São João do Piauí, dois pesquisadores, um do Piauí outro do Maranhão pediram para nos acompanhar na tropa até Canto do Buriti a Estudo.
Quando pararam à noite na travessia Capim Grosso. Naquela noite ninguém dormiu. Após pear os animais e comer o resto da comida. Comida de tropeiro é feita durante o dia a sobre mistura com farinha para à noite comer com rapadura.
Quem pode armou rede, inclusive os dois homens estudiosos. Alguns dormiram ou tentaram no chão. Logo viu-se algo estranho! Os animais soprando e todos vieram parar perto do rancho. Os tropeiros não sabiam do que se tratava, se era onça ou algum ladrão. Sempre existiram ladrões pelo sertão. Quem tinha garrucha a pegou, outros como Adão pegou sua peixeira e ficaram esperando o tal ou tal fera. Mas nada apareceu o fogo ficou aceso à noite toda.
Os pesquisadores conversavam com as coisas que Adão ficava sem entender nada. Diziam que o Presidente Médici estava mandando matar adversários e que o homem fora a Lua. E que o transporte logo seria motorizado, que tropas x tropeiros em no maximo 30 anos acabaria. Um dos homens era adepto do comunismo X socialismo. O outro não. Esse falava que nem à natureza era igualitária. Quantos mais os homens. Que esse regime logo acabaria ou ficava só para estudantes inexperientes utopia somente.
No povoado Brejo, umas estudantes quando viram os tropeiros passar cantaram:
“Sou um tropeiro e adoro esta vida
A gente vai para onde quiser
Não tenho amores, querência nenhuma
E nunca me prendo por uma mulher

Ter liberdade e um pingo de raça
Esta é a vida que sempre eu quis
Trocando a tropa eu vou pelo mundo
Sorrindo e cantando, sou muito feliz”.
Adão ficou feliz, mas com vergonha, pois estava sem banho e roupa rasgada. Tropeiros do Nordeste ficam até mês sem banho. Não tinha tempo nem água. Algumas poças de água chegavam a ter animais mortos dentro. O tropeiro tinha de cozinhar e beber dessa água.
Na travessia da Serra do Faustino para Mundo Novo, toparam uma Rural estrada estreita era dureza tirar os animas. Adão viajava na frente com seus jumentinhos, ficou apavorado e batendo no Jumento que caiu. O homem da Rural mandou um rapaz ajudar o tropeirinho e falou, que não devia bater assim nos bichos. Disse Miguel Valente: “meu filho eu fui tropeiro e sei como é uma vida dura, por isso digo tenha calma”. Em Vargem Grande Adão pediu água uma moça que a negou.Coisa dificil de aontecer, alguém negar um copo d`água. O tropeirinho nunca esqueceu esse fato.
Chegando a Canto venderam a Cal os pesquisadores agradeceram a companhia. E seguiram para Teresina.
Na volta quando dormia em Capim Grosso André passou a cantar e tocar sua viloa. Lembrando de uma cabocla que estava esperando para casar com ele, na desobriga de julho em Salgado do mesmo município. Cantava só sofrência bolero de Cornélio.
Finalmente, chegaram em casa. Adão com 13/14 anos aprendeu muitas coisas. Quem havia um presidente linha dura, que o homem fora a Lula e que à vida tropeira acabaria em 30 anos.

Contou, NHOZINHO XV.

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