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Mostrando postagens de outubro, 2015

NASCER, VIVER E MORRER VELHO.

Abel-Leba, um menino lá do rincão piauiense sertão, morava perto de um cemitério. O moleque “gostava” quando morria gente, por causa da festa com comida boa. Para o gury’, os parentes que chorassem pelos seus mortos. Era só inocência de Abel, mas foi bom estas cenas; ver gente cavando as covas e mortos, para o menino pensar na vida derradeira. Para quem acredita em Deus, consola-se pensando na vida eterna.  Leba- Abel, não quer morrer, no entanto, acha à morte uma coisa mais natural que a natureza nos deu.  Abel-Leba gostaria de ser enterrado junto a sua gente, no Piauí Dom Inocêncio, mas morrendo no Parana onde sobrevive, sabe que não poderá ir para seu Piauí. Leba-Abel saiu de sua terra faz um tempo, por necessidade. Coisas da vida. Nascer viver e morrer se possível bem velhinho. Nhodão Lina

FREIRA E O LADRÃO

Uma Freira, senhora de sessenta anos, foi assaltada por um ladrão menor, alto e forte, que além de bater na religiosa debochou de Deus, mas foi castigado. Ficou paraplégico. — Bandido, é um açaulto! Paçça tudo véia! — Freira, meu Deus! Meu filho pense em Deus.. — Ki deus! Çou ladrão, entrega tudo senão morre! — Meu filho você tem mãe lembre-se dela... — ladrão, toma! — Freira Ai! Mas dá os pertences ao meliante. O bandido sai correndo, logo é alcançado pela polícia, troca tiros ficando paraplégico para o resto da vida. Nhodão Lina

ESCREVER SE SABE E TEM O QUE DIZER.

Escrever para Carlos  Drummond  é tristeza. Fernando Pessoa acha que escreve para esquecer. Clarice Lispector, escrevia para tentar entende-se com o mundo louco. João Cabral de Melo Neto, disse que escrevia como quem cata feijão, lavava na água pegava o que era bom, assim era escrever para o poeta engenheiro. Seu colega Olavo Bilac, príncipe dos poetas, considerava o ato de escrever como o do ourives, este trabalha tanto a joia até esta aproximar à perfeição. Graciliano Ramos escritor, que tem o poder da síntese, falava que escrever devia ser como faziam as lavadeiras de sua Palmeiras dos Índios Alagoas. Muita gente diz que para escrever é preciso antes ler muito. Em parte, estes têm razão.  Outro dia li em blog, não lembro o nome de quem escreveu, este dizia que não é bem assim. Se fosse fácil só ouvindo música um sujeito virava um músico. Penso e respeitando os ilustres escritores e poetas. Que escrever pode ser tudo isso, porém, é preciso saber regras gramaticais conven
ÚLTIMA TROPEADA DE ADÃO NO PIAUÍ. Em 1972, Adão fez sua última viagem de tropeiro da Volta Dom Inocêncio Piauí, para Carnaíba no mesmo estado. Uns 95 km. Saiu da Volta com tio Lalau e Simão filho de Pedro Lalau. Mariano Marcos fez à cal para o irmão, assim Mariano pegava um dinheirinho e recebia o padre que viria de São Raimundo até ponta da Serra no mesmo estado. No dia que foram pegar a cal, Adão  moleque na flor da idade, não se contenta e pergunta: —Tio Mariano Francelino vai fazer forró  na chegada do padre? — Mariano: “meu filho eu cuido da recepção do padre, este negócio de forró é só com Francelino”. Ao saírem tio Lalau fala para Adão: — “Viu meu filho como respondeu o compadre Mariano”? Adão ficou meio envergonhado. Seguiram a viagem, fazendo paradas para descansar tropa e tropeiros. Lá pelo meio da estrada, logo pela manhã, Lalau fala que teve uma visão em que ocorrera alguma coisa na casa dele. Havia uma mulher para ganhar neném. Foi verdade, naquele

ÚLTIMA TROPEADA DE ADÃO NO PIAUÍ.

Em 1972, Adão fez sua útima viagem de tropeiro da Volta Dom Inocêncio Piauí, para Carnaíba no mesmo estado. Uns 95 km. Saiu da Volta com tio Lalau e Simão filho de Pedro Lalau. Mariano Marcos fez à cal para o irmão, assim Mariano pegava um dinheirinho e recebia o padre que viria de São Raimundo até ponta da Serra no mesmo estado. No dia que foram pegar à cal, Adão  moleque na flor da idade, não se contenta e pergunta: —Tio Mariano Francelino vai fazer forró  na chegada do padre? — Mariano: “meu filho eu cuido da recepção do padre, este negócio de forró é só com Francelino”. Ao saírem tio Lalau fala para Adão: — “Viu meu filho como respondeu o compadre Mariano”? Adão ficou meio envergonhado. Seguiram a viagem, fazendo paradas para descansar tropa e tropeiros. Lá pelo meio da estrada, logo pela manhã, Lalau fala que teve uma visão em que ocorrera alguma coisa na casa dele. Havia uma mulher para ganhar neném. Foi verdade, naquele dia nasceu, um dos filhos de Jesus filho

8 BAIXOS A TOCAR NA LATADA.

O homem dos oito baixos, Em um forró no sertão, Fazendo os negros dançar, Na latada um poeirão, Toda gente do lugar, Cirano Dias, Nhodão. Como era bom balançar, Samba na ponta do pé, Rita, luzia e Maria Júlia, Fátima, Rosa, Nazaré. Bebendo a boa cajuína, Lá no riacho do Jacaré. Um tempo que não mais volta. Dos bons forrós de latada, Brigas na peixeira-facão, Preferia minha amada, Fazer farinha na serra, Na ladeira da Ramada. Nhodão Lina

MENTIRA X VERDADE

Estava pensando como seria uma conversa entre mentira e verdade será elas abstratas ou concretas?. Vamos ver seus argumentos. — mentira, verdade você existe? — claro que existo! — verdade: você é abstrata ou concreta? — mentira sou como você, abstrata e concreta. — verdade: você faz só o mal? — mentira as duas coisas têm seus valores, logo, idem como você. — verdade eu posso ser comprovada pelas ciências experimentais, se alguém não tem certeza da aerodinâmica não andava de avião. — mentira ficou enrrolada... — mentira confesso que sei que você é melhor que eu. — mentira eu sou de gente sem escrúpulos e não posso ser comprovada pelas leis da física e química. — mas tenho valor antes que você chegue. — mentira então como sempre desde o começo da civilização vamos andar juntas. Nhodão Lina

À MORTE TEM VALOR?

Quase todo ser humano não gosta de falar da morte. Ela é medonha! Nos faz ficar apreensivos. Quando somos jovens achamos que só morrem os velhos pelo caminho natural, em parte é verdade. É duro aceitar, mas penso que à morte tem suas vantagens, como o medo à doença, a fome a fadiga. No jovem falta-lhe experiência, que o velho tem de sobre. Velho sabe que todo dia está aproximando da morte. Deus fez tudo certo. Não teria sentido viver mais de 1oo anos. Eu brinco que hoje com 60 anos só terei, com um pouco de qualidade, mais 10 anos. Após 70 anos ficamos um bagaço. No Piauí, minha região Dom Inocêncio, interior, conversando com o amigo e parente Marcos Camilo este me disse, que depois dos 78 anos vem decaindo suas forças físicas. Fique triste... penso muito nos meus anos finais como serão. Viver é não viver não sei, são mistérios da criação. Nhodão lina

HAICAI DO NHODÃO.

   É chuva no Sul, Sudeste seca Nordeste,      São Paulo azul.      A chuva é vida, Alma terra fica calma,    Ave tem guarida.      Mar está subindo, Homem é um lobisomem,     Tudo destruindo.   Nhodão Lina

UM ROCEIRO QUE COLHEU CARRAPICHO.

Belo um pequeno produtor rural do estado de Goiás. Rapaz como todos de sua idade estava na hora de casar. Antes teria de fazer uma roça. Plantou Arroz, choveu na medida boa para fazer uma boa colheita. Qual não foi a surpresa de Belo, ao invés de Arroz nasceu Carrapicho cheios de espinhos.  Conversando com os vizinhos de roçado, estes falaram que isto nunca antes na vida de roceiro tinha acontecido.  Na crença dos amigos, só podia ser castigo ou praga. Belo pensou em botar fogo no carrapichal, no entanto, pensou é melhor deixar secar. Largou tudo e foi para cidade. Lá trabalhou na construção civil. Até que um dia passou uma nuvem triste varrendo as cores do seu pensamento ele dormiu e nunca mais acordou, Deste mundo levou decepções de ter sido bem intencionado, mas o que plantou deu o contrário do que Belo esperava. Ninguém chorou por sua ausência. Nao deixou dividas. Adeus Belarmino  Belo descanse em paz, a vida nem sempre é como pensamos. Nhodão Lina

HOMEM QUE LIA OS LIVROS E ERA LIDO POR ESTES.

Pelo menos duas vezes por semana costumo ler alguns jornais do país. Outro dia Roberto da Mata, antropólogo  escreveu  falando sobre uma visita que teve de uma neta de 8 anos e umas colegas da mesma idade. Uma menina vendo tantos livros, pergunta se ele era bibliotecário. Roberto respondeu que era escritor, ou melhor, escrevia. Eram um devorador de livros, livros ele os livros, e estes liam ele. Aí foi discorrendo sobre o valor da leitura. Que todo escritor antes de tudo tem de ser um leitor voraz. Eu tenho curiosidade nas frases de portas de banheiros. Elas existem em Universidades,  quarteies  e até em conventos, seminários de padres etc. Hoje muitos jovens leem alguma coisa nos seus celulares tabletes.  Admiro são os mendigos, talvez por ter tempo, sempre estão lendo ou escrevendo. Sem  óculos  coisa que me dá inveja, pois estou cego para leitura sem estas lentes tão necessárias. Os bandinhos e  brandidões  não estudam porque não é estimulante. Escolas existem e livros à vo

CONVERSA PARA FAZER BOI DORMIR.

Francisco como já disse andei lendo partes do seu livro. Faço algumas observações que entendi. Você por ter tido uma boa formação nas escolas do padre Lira e boa graduação, além das leituras, escreve bem. O que que você fala sobre tio José é emocionante. Vir conhecer tio José uma vez ainda no Piauí e outra em São Paulo já no fim da vida do mesmo. Nossos tios eram gente da melhor espécie. Tio Carlindo que convivi mais era meio chato, me policiava, mas mesmo assim gosto dele. Pedrão vi uma vez e não gostei.  Vamos ao livro. O seu sobrinho e parece afilhado, Troy escreve muito bem e conteúdo afinado. Geni, ou Severina, para João Cabral de Melo Neto, é Mariinha Peba. Nas festas em que ela dava comida a todo mundo, lembrei-me de uma coisa que Marinha fala com avó Maria Lina. Dedé não achava graça em gente que só ia fazer volume e não rezava. Marinha dizia que gostava de ver muita gente. Mesmo que não rezasse.  Sobre seus medos eram os mesmos meus. Por ser criado! No meio de mulheres qua

POLÍTICA DOS BICHOS.

Bichos que faziam política na base do quem indica. Uma Raposa era sempre a Prefeita da pequena Aldeia. Mas chegou um ponto em que teve de indicar um amigo. O Gato, este menos hábil, mas esperto gostou tanto do poder, que não largou mais.   Foi passando de pai para filhos. Um Ratinho bonito, inteligente e com boas intenções saía sempre candidato, mas era derrotado pela Raposa e o Gato. OS outros Bichos eram como hoje, comprados, com alguns quilos de cerais e algum dinheiro; por isso só eles ganhavam eleição naquele lugar. O Ratinho continua esperando chegar sua vez. Quem sabe, como dizem, os bichos aprendam a votar consciente.  Nhodão

BRINCADEIRAS DO MENINO ADÃO PIAUÍ.

Adão me contou das brincadeiras inesquecíveis com sua avó Dede,  em São Pedro, Dom Inocêncio Piaui, zona rural. Raimundo Temista primo e João do Olho D` água. Dedé avó fazia uma lagoa onde os ricos fizeram uma cerca deixando os pobres de fora. Dedé já tinha ideia da desigualdade injustiça. Ensinava contar os dedos.  Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, indicador e mata piolho. Raimundo brincava de fazer um chiqueiro com um beco para uma cacimba.  João do Olho D`água brincava atirando com arco de flecha.  O menino Adão ficava encantado e nunca esqueceu destas brincadeiras. Também brincava de boneca com Dusá sua irmã mais velha quatro anos.  Dusá botava nomes bonitos, das netas de tio Alvino Soares e por aí, as meninas de Adão eram Josefa e Teresa. Adão hoje pensa que quase virou veado. Homosessual.Hoje o velho tropeiro sem tropa fica triste em não poder voltar aquele tempo. E saber que estão acabando as brincadeiras de meninos.  Hoje brincam de bandidos, mortes órgão e

VALCIR PINTANDO PAREDES COM UMA PERNA SÓ.

Valcir um pintor de parede (Ribeirão Preto SP) que perdeu uma perna em acidente automobilístico. Valcir homem de poucas letras, sem cargos nos governos, teve de mesmo com só uma perna continuar trabalhando. Equilibrando-se como um artista de circo. Um dia, um programa de uma TV paulista bastante popular, conseguiu uma prótese para o rapaz. Foi um momento de alegria para ele e familia, mulher e um casal de filhos todos choraram de emoção... Após ver esta cena pensei... falando de menores, altos e fortes que ao invés de trabalhar, ficam roubando e matando pelo Brasil. Nas prisões eles é quem mandam. Sustentados com meu e seu dinheiro. Um homem nesta condição não conseguiu aposentar-se. Enquanto muita gente vive mamando nas tetas do governo. É isso, como diz um pensador piauiense jovem promissor: “ Ordem de Progresso é assim: progresso para alguns e o tal povo ordem não paguem seus impostos para ver o que acontece”. Nhodão Lina

UM CÂNCER E O QUE FAZER NOS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA.

Como uma pessoa reage quando, é desenganada por um Câncer incurável. Penso que deve ser desesperador, afinal o medo e a doença têm lá suas vantagens, isto é fato. Li um micro conto de Sakamoto, que narrava o ocorrido Com Raquel, uma mulher idade mediana e de repente viu tudo escurecer em sua vida, estava com apenas um mês de vida. Teve de tomar uma decisão última. Pegou economias e saiu pelo mundo chegando à Apoteose. Um repórter destes que fazem perguntas imbecis foi entrevista-la, mas quase morrendo e afogando-se com o microfone. Foi aí que Raquel deu-lhe a última lição de vida. “ Meu rapaz por que tanta pressa? Não devemos atropelar à vida, porque somos nós que atropelamos a esta. Nem sempre vivemos bem esta vida tão passageira. Nhodão Lina

MENINO DO PIAUÍ QUE VALORIZAVA POUCO O ESTUDO NO SERTÃO.

Sertão piauiense São Pedro, Dom Inocêncio, Piauí, ano 1962. Adão era um menino, que achava aquele estudo pela pedra, sem prazer nenhum. Adão queria ser tocar instrumentos sanfonas que não tinha e/ou ser valentão acabador de festas no facão, mas sem matar só fazer uns estragos para o cara ficar esperto. Após esta introdução vamos ao que interessa.  Dedé avó do menino preguiçoso para as letras, ela apesar de ser analfabeta em estado zero, valorizava o estudo pelo menos fazer um bilhete e as quatro operações de contas. Mandou Adão mostrar seus rabiscos ABC e algumas silabas copiadas de um texto qualquer ao padrinho.  O moleque meio sem vontade entregou a o padrinho Estevão Romão, que como Dedé não lia nada, ficou folheando e ao entregar o material a Adão ainda deu (200 cruzeiros), as notas mais bonitas que o Brasil já teve.  Dedé foi a Poção na loja espécie de supermercado de  Plínio  Ribeiro comprou um lápis azul para o neto homem Adão tomar gosto pelos estudos. Este me conta

APARÊNCIA QUE ENGANA.

Prudente um rapaz não bonito, mas eloquente, consegue impressionar muitas moças de sua aldeia no fim do mundo... Muitas jovens calculistas namoravam Prudente, no entanto, Turbana casa com o falastrão. No começa foi maravilha, mas com o passar dos anos, filhos um atrás do outro as coisas foram complicando.  Aquele rapaz do tempo de namoro não existia mais. O homem se transformou para uma cruz na vida de Turbana e seus filhos. Foi aí um pouco tarde, que a mulher entendeu que tinha cometido um pecado. Faltava o básico em casa e todo dia a mulher era surpreendida com mais uma mentira deste que prometia a ela um paraíso. Um dos filhos de Turbana tomou as rédeas tocando à vida com a mãe e os irmãos menores. Agora livres, estes tiveram de reconstruir suas vidas do zero, porém, com seriedade como deve ser uma família planejada com credibilidade versos comando. Ficou uma lição: Antes do casamento você vê uma pessoa, após o matrimônio, outra completamente diferente. Finalmente Turbana