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Mostrando postagens de julho, 2015

SONETOS DE QUATRO POETAS

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma  E das mãos espalmadas fez-se o espanto. Amo-te assim, desconhecida e obscura. Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! Não se mostre na fábrica o suplicio Do mestre. E natural, o efeito agrade Sem lembrar os andaimes do edifício: Quem és tu? Quem és tu? – És minha sorte! És talvez o ideal que est’alma espera! És a glória talvez! Talvez a morte!… Nhodão

Tropeiro do Edgard de Souza

Bate o relho na cangalha da rosilha ainda faltam muitas milhas para o primeiro arranchamento o ponche fala e é muito passarinheiro dá trabalho para o arrieiro de momento e em momento. Cabra matreiro elegante numa cela vai passando por taperas riacho e capões e no tinido do polaco e das esporas faz lembrar nossas sonoras das batutas dos peões ei ei ei quanta saudade do tropeiro que se foi ei ei ei o tropeiro quando chega na pousada conta caso da pintada toma pinga e toca viola e na matuta com a tropa repastada reinicia a jornada por este rincão a fora. Do centro oeste ao sul do seu país estalando os piarais para evitar a lentidão grande alegria na chegada do tropeiro do comercio brasileiro e a comunicação ei eie ei quanta saudade do tropeiro que se foi sua missão era diversa caro amigo transportava sal e trigo debaixo do temporal e todo frete precisava ser cuidado o tropeiro traquejado destemia o vendaval Mas meu amigo relembrando o tempo antigo das tropas e lhe digo quase não ex

TRISTE FIM DO TROPEIRO DO PIAUÍ

Berto era tropeiro no Piauí viajava até Maranhão com animais para vendê-los. Também fazia tropeadas de Burros e Jumentos para Oeiras Piauí. Em uma destas incansáveis viagens, Berto e seu patrão foram seguidos por um ladrão por muitas léguas. Este queria pegá-los dormindo. Berto era um caboclo de coragem e teve de dar um sumisso no ladrão. O Sertão sempre foi palco de roubos e matanças, um lugar onde cada um faz sua lei. Berto em uma destas viagens arrumou uma namora em Canto do Buriti. O pai da moça não queria o casamento por Berto ser bondoleiro, andava só viajando, não se prendia por mulher nenhuma. Talvez só queria tirar uma onda. Como o pai da moça assim pensava, Berto teve de roubar a moça levando-a para o Sudeste do Piauí. O pai da linda morena estava certo logo Berto abandonou a mulher e fugiu para Goiás Lá casou com uma  filha de fazendeiro.  Esta também ele a deixou, foi ao Paraná onde casou-se outro vez. Só que no dia do casamento quando dançava a valsa dos noivos debaix

AVANTE A MANDIOCA.

Estou saldando a Mandioca, Avante a Macacheira, Como  gosto de Tapioca, Lá da Serra do Teixeira. Onde Zé Dantas cantou, Luis Gonzaga também, O Brasil todo gostou, Do sudeste a Santarém. Salve a mulher sapiens, O homem pre-histórico, No Piauí origens, Maniva todo Território. Nhodão

POR QUE ESTOU NESTE MUNDO?

Sou uma voz no deserto que fala e não sou ouvido, Estou no meio da multidão e continuo sozinho, Sou um Galo cantando o amanhã, mas canto só. Vejo flores por todos os lados e também muitas pedras, No meio do caminho. Sou um Bicho no meio de tanto lixo meu Deus! Sou um vivo no Cemitério dos loucos. Continuo deitado em berço esplêndido. Ouvindo  ao som do Mar e o brilho das Estrelas No céu vermelho da política. Nhodão

DESTINO DOS IRMÃOS BOIADEIROS.

Adão e Joel eram dois irmãos piauienses filhos de boiadeiro desde da idade de 15 anos já comandavam suas boiadas. Chegou um tempo que Adão foi ao Estado de Goiás hoje Tocantins e continuou sendo boiadeiro. Seu irmão Joel também continuou tocando boiada, mas no Piauí. Joel Fazia o caminho de Floriano a Petrolina Pernambuco. Adão pelas bandas de Goiás e Minas Gerais. Um dia Adão pendeu para o Piauí, alí perto de Corrente, com uma enorme boiada. O mesmo fez Joel desviou o caminho que fazia e por acaso ouviu o grito e toque de um berrante em outro caminho, até que as boiadas se encontraram os irmãos fazia muito tempo que tinham visto um ao outro. Última vez que se encontraram, os dois eram meninos. Foi uma forte emoção e Joel não aguentou  morreu ali mesmo. Adão vendeu as duas boiadas e jurou nunca mais ser boiadeiro foi ser chofer de caminhão no Estado do Paraná. A vida de boadeiro á sempre assim com um final triste por um motivo ou por outro. Nhodão

AUTOBIOGRAFIA DO NHODÃO

Prezado irmão Adão Lina. Venho por meio desta carta, meio antigo  de correspondência, para falar de nossas vidas durante estes 60 anos de vida. Eu tenho sobrevivido com muito sacrifício, mas muito amor pela vida. Vivi até 18 anos no sertão piauiense, tocando gado e tropas de Jumentos. Quase não estudei, estudo para o sertanejo não é nada estimulante.  No meu tempo de menino eu queria tocar sanfona, mas não pude comprar uma, somente um Realejo Gaita de boca. Com esta já tocava umas melodias singelas e fazia festinhas com meus irmãos e primos lá em São Pedro Dom Inocêncio Piauí. Vir para São Paulo em 1973 foi que à vida foi de luta. Semianalfabeto  trabalhei em todos os tipos de serviços, contudo, consegui aposentar-me. Hoje tempo faço algumas coisas das quis gosto como leitura e ouvir musica.  Estou fazendo pela segunda vez o curso prazer do texto com a professora Fabiana. Lá tenho colegas ilustres, é um ambiente agradável. É isso uma vida vivida em profundidade. Nho

MARINHEIRO VIÚVO MORTO VIVO.

Em uma das noites que   Sheherazade contava historias fantásticas uma chamou minha atenção. Em mais um naufrágio de seu navio o Marinheiro salvou-se parando em um País esquisito. O povo deste lugar eram todos da mesma altura e mesma cor da pele. O marinheiro foi obrigado a casar com uma moça daquele país, mas na condição de quando um dos dois morresse primeiro, o outro teria de ser enterrado junto mesmo vivo. Qual não foi a tristeza do pobre marinheiro com tal absurdo. Aconteceu mesmo da mulher dele morrer primeiro e ele foi enterrado junto. Junto com ao morto e seu acompanhante era dado um pouco de água e sete pães.  E muitas joias. O marinheiro quando chegou a caverna escura e fétida ao invés de morrer parado pensou um plano de sobreviver e sair daquele lugar. Foi matando que era enterrado vivo ficando com a porção deste e pegando as joias dos mortos. Em um belo dia ele achou uma saída para o mar chegando fora ficou muito feliz com sua ideia de sobrevivência.  Voltou ainda à

FERREIRINHA VAQUEIRO VALENTE MORTE TRÁGICA.

Ferreirinha um vaqueiro em Pardinho SP foi com o patrão pegar um boi em Espraiadinho SP Ferreirinha montado em um cavalo mal amansado e Albano  patrão, num Alazão. Chegando em um taboleiro os dois separaram cada um foi para um canto. Passou muito tempo cada um deveria voltar para um ponto combinado. Albano chegou e ficou esperando uma duas horas e nada. Quando Albano viu o cavalo do Ferreirinha vinha correndo sem sela e assustado. Albano já pensou no pior. Saiu restejando e logo encontrou Ferreirinha caído. Ficou pensando o que fazer,  mas só um pensamento valeu. Amarrou o companheiro em cima de uma árvore  encostou seu cavalo amarrando o morto na garupa do cavalo manso. Transportou-o até à  cidade deixando-o na porta de Igreja e foi atrás do delegado. Ferreirinha caiu do cavalo sendo arrastado por este até morrer. Albano continuou sendo boiadeiro por outras bandas. Certo dia parou uma grande boiada no mesmo ponto que Ferrerinha foi morto. Os companheiros foram à cidade comprar mant