TROPEIRO COMIA POUCO E ROUBAVA.


Da Bahia para o interior do Piauí, começo no século XX, tempo das tropas. Um rapaz baixinho, com traços europeus, branco, olhos de manduri, meio verde ou azul. Saiu corrido da Bahia com três cavalos roubados. Chegou ao Piaui, foi recebido por um comerciante, dono de tropas para o norte do Piaui e Pernambuco Bahia. O tropeiro baiano disse que saiu corrido por outro motivo, mas não queria voltar a Bahia. O patrão, o dispensava das viagens para Petrolina e Juazeiro.
Foi um bom empregado, casou no Piauí gerou familia. Mas o homem tinha além do defeito de pegar no alheiro, comia pouco ele empregados e familia. Era tão sovina que quando fazia viagens escrevia o nome na farinha para a pobre mulher não a comer.
Certo dia passou um primo da mulher deste ela disse que só não servia uma qualhada, porque não podia mexer na farinha do marido tropeiro; este viajava para o norte piuiense e demorava um mês para chegar. O primo que sabia ler e escrever falou: “não se for por isso, escrevo igualzinho a ele, que chamava Altino”. Pegaram a farinha e naquela noite todos comeram com farinha.
Como era de confiança do patrão Altino, resolveu passar a perna no patrão, vendia animais escondia outros até deixar de ser empregado. Comprou à propriedade onde morava do patrão, com dinheiro que subtraia do mesmo. Os vizinhos sofriam com Altino. Ensinou até um genro a roubar. Coisa que já vai na quarta geração.
Mas com a justiça divina não falha, foi ficando pobre e só uma filha que ainda vive ficou rica. No entanto, até esta ficou pobre. Coisa azarada, vinda de roubo, é assim morreu.

NHOZINHO XV.

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