CAMPIRÁ, PICOS-PIAUÍ, 1869 0 VINGANÇA..


No século XIX 1869 Picos Piauí.
Manuel Campelo o famoso Campirá.  Era um baixinho forte de pouca fala, com tique nervoso no olho direito. Homem valente para amansar burros e cavalos brabos, dos fazendeiros da região de Picos e localidades vizinhas. Trabalhava para Capitão Mundico da fazenda Cocal Fechado. Capitão naquele tempo tinham homens ricos compravam as patentes, muitos analfabetos. Campirá como era conhecido amansava burros do Capitão Mundico fazendeiro. Certo dia estava em um domingo a diversão era ver homens montar em animais bravos dançar forró ao som de sanfona pé de bode e beber cachaça.
Campirá montou em burro brabo, esse pulou até cansar sem derrubar Campirá que foi muito aplaudido. Ganhou 50 réis pelo serviço. Outra vez estava em um casamento da filha do fazendeiro que durava três dias de farra. Um fazendeiro vizinho já mamado, embriagado, desfiou Campirá no jogo de baralho, esse não queria jogar com medo de perder seu suado dinheiro, mas de tanto insistência do homem ele aceitou e ganhou. Foi nessa brincadeira até que o fazendeiro ainda mais bêbado, sempre desafiando Campirá que só ganhava. O fazendeiro tomou mais uma pinga e deu um tapa em Campirá chamando o de covarde. Campirá pegou a faca tipo facão, mas de ponta fina e avançou para cima do fazendeiro, mas fora apartado pelos homens que participavam da festa. Campirá falou que ele pagaria o desaforo. E Promessa no Piauí antigo era morte na certa. Campirá pegou o dinheiro que ganhou do fazendeiro mais, uns réis que ganhava no serviço duro foi a Picos uma cidade de 5 mil habitantes, na época, hoje quase 75 mil. Comprou mantimento uma espingarda lazarina muitos chumbos, pólvora e espoletas. Como já tinha achado um esconderijo que era difícil de ser encontrado, ali fez morada. Campirá ficou só pensando como pegar o fazendeiro.
Certo dia foi pela noite cortou o rabo e crina do melhor cavalo do desafeto. O fazendeiro ficou louco e saiu procurando quem fizera àquilo com seu cavalo de estimação. Campirá o esperava escondido, quando ele passou na trincheira foi alvejado com um tiro de espingarda.  Mas só caiu do cavalo o tiro acerto uma perna. Campirá chegou falou lembra daquele tapa filha da puta! Ali mesmo sangrou o homem cortou o braço direito e foi deixar enfincado no terreiro da casa do fazendeiro.
Os parentes do morto perceberam, que fora Campirá que fez o serviço sujo, por vingança. Campirá não podia fugir, pois em todas cidades vizinhas tinha gente o procurando e dedo duro, por uma recompensa em dinheiro. Ficou escondido por três anos só saia à noite para caçar e pegar água em uma mina. Ficou com barba e cabelo grande parecendo um bicho como sobrevivia. Em uma gruta no meio de uma serra. Para sair da toca ele virava macacos caminhava pelas àrvores sem deixar rastro. Mas com o tempo sua munição e comida acabou tinha de ir comprar em algum lugar. Picos nem pensar, Oeiras era mais longe, foi a Barreiro Branco, hoje, Simplicio Mendes. Mesmo com cabelo grande sujo foi reconhecido gente do sertão é bom nisso. Logo correu a notícia de que Campirá foi visto em Simplicio Mendes. Um Irmão e um genro do falecido saíram procurando passavam perto, mas não achavam Campirá. Dessa vez quando os homens aproximaram de Campirá ele matou os dois, um de tiro outro, de facadas.
Aí foi que dobrou a ira da familia do fazendeiro que já tinham vendido a fazenda e só pensavam em vingança. Como havia um negrão de nome Lucas que fugiu de Pernambuco no tempo da grande seca por ser ladrão de bode e gado, esse estava preso em Oeiras com prisão perpétua, prisão de morte tinha sido abolida em todo Brasil.
Ofereceram a ele se pagasse Campirá vivo teria sua liberdade. Lucas já perdido aceitou. Saiu caçando Campirá por todo lugar. Certo dia quando já ia para achar o esconderijo Campirá o viu Primeiro. Dominou-o e fez de escravo só vivia marrado. Imagino que fez até de mulher nas necesidades eróticas. Estavam como bichos de tanta falta de higiene. Nisso passou um ano.Com ojá era muito tempo Campirá falhou em deixar Lucas solto uma noite após fazer amor. Quando foi de manhã quem estava preso era Campirá, foi levado amarrado até Oeiras por Lucas um negrão alto, 1,90m e forte. Foi decretada Prisão o perpetua. Campirá bufava de raiva e só falava um dia Lucas me paga, mas era quase impossível sair da prisão com grades de ferro.
Mas um filho de um fazendeiro vizinho, caiu de um cavalo bateu a cabeça em uma pedra e ficou (louco, louco, louco).
Como só havia uma prisão segura na Capital Oeiras, levaram-no para lá. Sendo vizinho de Campirá. Nos acessos de loucura o doido falava que quebrava ferros e tudo. Campirá muito esperto provocava o louco para sacudir as grades. Esse fazia tanto que abriu uma pequena parte, que foi suficiente para Campirá fugir e foi a procurou um lugar no mato, isso já passava de cinco anos, desde a morte do fazendeiro e dos dois. Ficaram Lucas e autoridades, loucos, Lucas sabia que estava condenado à morte, nem tendo segurança do Estado por 24h. Campirá ficou mais um tempo e já com a saúde abalada pensou tenho de me vingar senão morro. Campirá passou cera de carnaúba quente no rosto ficou deformado irreconhecível, ainda cortou um nervo do pé ficando coxo.
Como era festa do Espirito Santo, com gente saindo em localidades rezando, Campirá entrou no meio rezando e coxeando. Quando entraram em Oeiras Campirá pensou é hoje e foi. Tinha um costume desde os índios tapuias, de homens amarar as camisas e furar um ao outro até a morte do mais fraco. Campirá desafiou Lucas a um duelo de camisas amarradas, como Lucas viu um coxo e fraco aceitou. Quando estavam prontos para briga Campirá falou para todos ouvirem: sou Campirá Lucas você hoje morre! Campirá morreu sorrindo; os dois morram um para cada lado e o povo assistindo.
Esse caso bárbaro virou lenda, mas aconteceu mesmo, na região de Picos Oeiras. Piaui em 1869, começou na Fazenda Cocal Fechado. Dizem que os índios tapuias tinham esse costumem de vingança que os piauienses têm, mas não é covarde vai de frente, e mata.

NHOZINHO XV.

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