Dr. FILHO E
NETO DE TROPEIRO.
Marcos era
baiano de Feira de Santana Bahia. Nasceu viveu e morreu tropeiro como seu pai e
avô. Homem de estatura mediana: nem baixo nem alto. Descendente de índio e
portugueses. Aprendeu a contar, ler e escrever; tocava sanfona de oito baixos
nas horas de descanso. Fazia e lia poesia de cordel, aquelas histórias o
encantavam. Marcos tinha um sonho. Ver seu filho Vitório um Dr. Advogado. Com
sua tropa nas estradas para o norte de Minas Gerais e para (Juazeiro X
Petrolina) em Pernambuco. Passava um mês sem ver à família e os filhos
crescerem. Uma vista cansada, aquele que não vê as coisas direito.
Pois bem, o
velho tropeiro mandou seu filho Vitório estudar em Olinda na faculdade renomada
de direito, onde estudou gente como Joaquim Nabuco entre outros ilustres do
direito. O jovem morava em uma república e só via os pais e irmãos nas férias.
Vitório, apesar de o pai só viver nas estradas, tinha mais três irmãos homens e
quatro mulheres. Os outros ficaram mesmos lá em Feira de Santana vivendo vida
simples.
Em uma destas
viagens Marcos morreu de infarto sem ver mais família e o filho que formou
naquele tempo. Dezembro de 1903. Marcos depois de formado botou banca de
advocacia lá mesmo onde nasceu Feira de Santana Bahia. Por sinal, cidade
fundada por tropeiros e boiadeiros, como muitas pelo Brasil. O Dr. fez um
quadro bem grande com fotos de tropas e tropeiros.
Seus
clientes ficavam encantados, perguntavam como podia ele ser um Advogado
conceituado e gosta de tropas, Marcos enchia os olhos d’água, mas respondia:
que tinha orgulho de ser filho de tropeiro e neto. Foi com sua tropa pelas
estradas empoeiradas que seu amado pai, homem de poucas letras, mandou estudar
em Olinda. Seu Marcos não viu o filho graduado e pós-graduado em direito. Por
isso, esta foto olho todo dia e agradeço ao meu pai. Que Deus o tenha.
Assim foram
no começo de nossa história muitos doutores são filhos e netos de tropeiros.
Nhô Adão
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